Às vésperas do período em que os casos de dengue tradicionalmente disparam no país, o Instituto Butantan deu um passo decisivo para a chegada da primeira vacina de dose única contra a doença. Nesta quarta-feira (26), o instituto assina o termo de compromisso que antecede a aprovação final da Butantan-DV pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A publicação oficial no Diário Oficial deve ocorrer nos próximos dias.
A expectativa do governo federal é iniciar a aplicação das doses já em 2026, pelo SUS (Sistema Único de Saúde), dentro do PNI (Programa Nacional de Imunizações). O imunizante poderá ser aplicado em pessoas de 2 a 59 anos — uma das coberturas mais amplas já previstas para vacinas contra dengue no país.
Desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde, o Butantan e o laboratório chinês WuXi Biologics, a Butantan-DV será a primeira vacina de dose única contra dengue no mundo. As instalações da fábrica parceira já foram certificadas pela Anvisa, e a produção começou no início de 2025.
Produção e eficácia
O Butantan prevê distribuir 60 milhões de doses por ano a partir de 2026, número que pode subir conforme a demanda e a capacidade produtiva.
Os estudos clínicos mostram:
- 79,6% de eficácia contra casos sintomáticos;
- 89% de proteção contra casos graves e com sinais de alarme;
- A vacina é tetravalente, atuando contra os quatro sorotipos da dengue.
Contexto nacional
Hoje, o único imunizante disponível no SUS é a Qdenga, da farmacêutica Takeda, aplicada em duas doses e restrita a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos — público com maior número de internações.
A urgência por novas estratégias ficou evidente em 2024, ano em que o Brasil atingiu números históricos da doença:
- Mais de 5,9 milhões de casos,
- 6.297 mortes, maior número já registrado e superior à soma dos últimos oito anos.
Com o sinal verde da Anvisa se aproximando e uma capacidade de produção robusta, a Butantan-DV deve representar uma das principais apostas do país para reduzir os impactos da dengue nos próximos anos.
