Um extrato do contrato de credenciamento nº 147/2024, firmado entre a Prefeitura de Anápolis e o Banco Master S/A, voltou a ganhar relevância após o avanço das investigações da Polícia Federal e do Banco Central envolvendo a instituição financeira. O documento, assinado em agosto de 2024 durante a gestão do então prefeito Roberto Naves (Republicanos), autorizou o banco a oferecer empréstimos consignados e cartões de crédito a servidores públicos do município.
O processo administrativo vinculado ao acordo — de número 01107.00010142/2023-91 — habilitou o Banco Master a conceder crédito a servidores estatutários, comissionados, celetistas e trabalhadores das autarquias e empresas públicas municipais. O mecanismo funciona por meio de consignação em folha, em que o desconto do empréstimo ocorre diretamente no contracheque dos funcionários.
Segundo o contrato, a vigência é de 12 meses contados a partir de 12 de agosto de 2024.

A existência do documento foi revelada pelo Jornal Opção, que teve acesso ao extrato e confirmou sua autenticidade. Uma fonte do governo federal ouvida pelo jornal afirmou que, diante das investigações em nível nacional envolvendo o Banco Master, contratos firmados por entes públicos com a instituição podem entrar no radar das autoridades reguladoras.
Banco Master enfrenta uma das maiores investigações financeiras do país
O Banco Master e seu presidente, Daniel Vorcaro, tornaram-se alvo de operações da Polícia Federal e de medidas do Banco Central após suspeitas de irregularidades bilionárias na emissão e comercialização de títulos financeiros.
As autoridades investigam um suposto esquema de fraudes estruturadas, envolvendo títulos sem lastro e possíveis práticas irregulares de captação. A repercussão do caso levou o Banco Central a instaurar procedimentos de fiscalização rigorosa e a Polícia Federal a aprofundar a apuração da atuação do grupo econômico.
Vorcaro chegou a ser preso preventivamente — medida confirmada pela Justiça — e teve bens de alto valor bloqueados. O caso provocou repercussões em instituições financeiras que mantiveram operações atreladas ao Master, ampliando o impacto da investigação no sistema financeiro.
Por que o contrato de Anápolis preocupa autoridades
Com o banco sob suspeita nacional, contratos firmados com administrações públicas — como o assinado pela Prefeitura de Anápolis — podem ser reavaliados por órgãos de controle. O credenciamento permite ao banco acesso a dados e fluxo financeiro relacionado à folha de pagamento dos servidores, o que aumenta a sensibilidade do processo.
O fato de o Banco Master ter sido autorizado a operar diretamente com crédito consignado — modalidade que envolve desconto automático do salário — torna o contrato ainda mais relevante em um contexto de investigação regulatória.
Não há, até o momento, indicação formal de que a Prefeitura de Anápolis esteja sendo investigada. Contudo, especialistas afirmam que qualquer contrato ativo com instituições financeiras sob intervenção ou alvo de operações federais tende a ser examinado pelas autoridades.
Situação pode gerar repercussão nacional
Diante do potencial alcance da investigação envolvendo o Banco Master, contratos firmados com governos municipais, estaduais ou outras entidades públicas podem ser agregados às apurações para determinar:
- se a instituição operou dentro das normas do Banco Central;
- se houve risco potencial aos servidores que contrataram crédito;
- e se gestores públicos adotaram critérios adequados ao credenciar a instituição.
A eventual inclusão de contratos públicos no processo investigativo ainda depende das próximas etapas conduzidas pela Polícia Federal e pelo Banco Central.






